Os moradores de Campo Limpo Paulista (SP) continuam sem a coleta de material reciclável. Segundo a cooperativa que faz o trabalho de separação dos materiais, desde 2017 a prefeitura não paga o caminhão que passava pelos bairros.
Os moradores que querem fazer a separação do material precisam andar vários quilômetros até a cooperativa para que os materiais sejam reciclados.
O motivo, segundo os cooperados, é o descaso da prefeitura. Do convênio assinado em 2015 com validade até 2020, a prefeitura só cumpre o pagamento do aluguel do espaço.
A situação já havia sido exposta em maio de 2019 pela rede TV Tem. Na época, a prefeitura disse que ia estudar uma forma de normalizar a situação, mas até agora os cooperados não tiveram nenhuma resposta.
A coordenadora da cooperativa, Silvana Marcelino, teve que arcar com as despesas para não suspender os trabalhos. “Desde 2017 que eles cortaram o contrato com o caminhão. Só que eles cortaram isso sem um aviso prévio, sem comunicar a cooperativa”, conta.
Antes, a coleta de materiais recicláveis era feita de segunda a sexta-feira, mas agora acontece somente quando dá para pagar o caminhão, e a falta da coleta fez cair a produtividade. Em um ano, a cooperativa perdeu 10 funcionários por não conseguir manter os pagamentos.
A cooperativa consegue recolher apenas uma tonelada de material reciclável por semana. Quando a prefeitura ainda arcava com as despesas do caminhão, ela recolhia até 35 toneladas de recicláveis por mês e ainda conseguia passar em seis bairros por dia.
“A gente mantém a cidade limpa, conscientiza a população da importância desse trabalho e vai estar ajudando muitas família aqui”, diz a coordenadora.
O material reciclável que o aposentado Leandro Camilo Esteves separa era recolhido pela cooperativa, mas agora fica na calçada e é recolhido pela coleta de lixo comum.
“A rua inteira recicla, mas não temos quem pega, vai fazer o quê? Uma coisa que podia ser aproveitada estamos jogando fora”, reclama.
O aposentado Carlos Grossi cansou de esperar o caminhão da coleta seletiva. Ele coloca todo o material no carro e toda semana leva para a cooperativa.
Para manter a cidade limpa e ajudar quem precisa trabalhar, Neusa Triervailer, que mora a oito quilômetros da cooperativa, leva o material dela e dos vizinhos a cada 15 dias.
“O ser humano é disponível, é gentil e ele é cooperador, mas muitas vezes ele não tem a iniciativa de como fazer isso. Então, se os nossos dirigentes, prefeitos e vereadores tivessem alguns projetos nesta área, certamente o povo se uniria”, diz a aposentada.
A Prefeitura de Campo Limpo Paulista disse que a licitação para um novo caminhão para a cooperativa poder recolher o material reciclável na cidade está em andamento, ainda na fase de orçamento.
O descarte irregular de lixo e entulho é crime ambiental, previsto em uma lei municipal. A multa pode passar de R$ 2 mil.
(Fonte: G1)