Segundo o parlamentar, números da economia projetam retomada do desenvolvimento econômico
Em entrevista exclusiva para o Jornal A Verdade, o deputado federal Miguel Haddad (PSDB-SP) fala sobre as expectativas que cercam o desenvolvimento econômico nacional em meio às mudanças políticas. Para o parlamentar paulista, a economia brasileira está dando sinais que indicam que a crise está ficando para trás. “Quando se diz isso, as pessoas muitas vezes têm dúvidas, pois os sinais ainda são tímidos, mas quando se considera que estávamos há um ano à beira do abismo, as mudanças são impressionantes. Esses dias mesmo, por exemplo, recebi um dado animador: segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), em maio São Paulo gerou mais de 17 mil novos empregos.”
Em sua análise, Miguel deixa claro que a prioridade era fazer com que o desemprego parasse de crescer. “Aqui não se trata de números frios, mas da realidade, da vida das pessoas. Não há família brasileira que não tenha um membro desempregado. E aí? Como fica? As contas não param. As despesas podem ser reduzidas, mas há um limite. E não é só o desempregado que está enfrentando uma situação difícil. É todo mundo que vive do seu trabalho. Podem falar o que quiser, mas o País precisa de emprego para retomar o desenvolvimento econômico”.
Com 14 milhões de desempregados, não há outra prioridade senão o aumento do emprego
Como fazer isso? Frente a essa questão, Miguel Haddad tem uma posição definida. “O Brasil hoje tem duas crises. A crise política, que assume proporções enormes, com a perspectiva de destituição do presidente da República e a sucessão de escândalos que causam repulsa à população; e a crise econômica, que afetou a economia de forma como nunca se viu. É preciso ter claro que esse quadro que beira a catástrofe é resultado de uma administração irresponsável que quase quebrou o Brasil. Isso o brasileiro precisa saber para não se deixar enganar novamente. Quanto à crise política, ela terá de se resolver obedecendo a Constituição. O poder Judiciário tem de estar livre para processar os culpados. A Lava Jato e demais inquéritos têm de prosseguir fazendo o seu trabalho de saneamento. E a população tem de ficar de olho para que mudanças políticas não alterem a continuidade das reformas. Essa é a questão central”.
Indagado acerca do resultado real das reformas que têm sido aprovadas pelo Congresso, Miguel é firme. “Os resultados positivos das reformas não podem estar sujeitos ao que este ou aquele acha. Não é um caso de ‘achismo’. Temos de olhar os seus resultados objetivos, os índices que medem a produção econômica”, destaca. Segundo estimativa do IBGE, a colheita de grãos no Brasil pode bater um recorde histórico, com um aumento de 30,1% em 2017. Os portos registram um crescimento na movimentação de 2,32% neste ano. Na primeira semana de julho, as exportações superaram as importações em R$ 1 bilhão de reais.
Apontando esses resultados, Miguel é enfático. “Nos últimos anos assistimos a quase ruína de uma construção feita ao longo de gerações, a industrialização brasileira. Todos os índices mostravam uma queda contínua na produção industrial. Falava-se em ‘desindustrialização nacional’, uma tristeza, pois, como disse, para que o Brasil se tornasse um País industrializado foi uma luta de décadas e décadas. Pois até isso está sendo revertido. Nesta primeira semana de julho, a produção industrial subiu em 10 regiões brasileiras. No comércio varejista, o crescimento em maio foi de 4,5% em comparação com 2016. Mas talvez o mais importante, porque permite antever que tudo isso pode continuar, é a redução da taxa de inflação, com a consequente redução dos juros, que caíram pela sexta vez consecutiva e estão projetados pelo Banco Central para 3,8% em 2017”, explica.
Miguel Haddad conclui sua entrevista declarando que a crise política deixa todos próximos do desânimo. “É preciso dar toda a força ao esclarecimento, aos inquéritos, à punição de quem quer que seja, não importa de qual partido. Fez, tem de pagar. Mas não podemos deixar que isso afete o rumo que o País está tomando. As reformas têm de continuar. Temos 14 milhões de brasileiros que não aguentam mais esperar por essas providências.”