Seria equivocada qualquer forma de resposta que se esgotasse em uma ginástica textual de apenas 1500 caracteres, como esta, contudo, um dedinho de prosa é capaz de estimular o debate.
Em um país onde cinco indivíduos concentram mais dinheiro que 110 milhões de pessoas é importante ressaltar o fato de que a resposta à questão é um dolorido sim, acompanhado de um não, abertamente irônico.
O Brasil é um país riquíssimo, porém empobrecido. Fenômenos históricos e políticos confirmam as desigualdades, mas também acontecimentos recentes que atingem a nação: crises político-institucionais, crise socioeconômicas e, sobretudo, a desorganização dos governos municipais, estaduais e federais em fomentarem ações conjuntas contra a crise sanitária causada pela pandemia e pela quarentena.
É importante que as pessoas compreendam a pobreza brasileira como um projeto histórico e ‘não’ como uma questão folclórica, fruto de alguma sina ou algum determinismo dos nossos povos. As explicações simplórias não nos servem.
O empobrecimento é um fator que pode ser amplamente combatido, mas não basta apenas esperarmos de forma ingênua algo da nossa classe política – tão narcisista e umbigocêntrica. O primeiro passo é a informação e uma compreensão mais crítica da nossa realidade cotidiana. Em seguida é importante sermos mais exigentes diante dos setores políticos – essas são lutas que se iniciam nos municípios, na composição de reivindicações claras, efetivas e cidadãs.