Um novo estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade, lançado no Dia Mundial da Poluição, mostra dados alarmantes sobre os poluentes atmosféricos em São Paulo. Eles foram a causa de 31 mortes precoces por dia no Estado em 2015, ou um total de 11.200 no período – mais que o dobro das mortes provocadas por acidentes de trânsito (7867), cinco vezes mais que o câncer de mama (3620) e quase 6,5 vezes mais que a AIDS (2922). Permanecer duas horas no trânsito da capital equivale a fumar um cigarro.
Este grave problema de saúde pública permanece praticamente ignorado pela população e pelo poder público porque a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA 03/1990, que estabelece os padrões de qualidade do ar nacionais em vigor até hoje, foi implementada há 27 anos e, portanto, não reflete os novos conhecimentos científicos sobre o tema. Apesar de terem dado início a um processo progressivo para que se atinjam os padrões recomendados pela OMS, os estados de São Paulo e Espírito Santo não estabeleceram prazos para o cumprimento das etapas e continuam empregando parâmetros defasados.
Doenças cardio e cerebrovasculares, tais como arritmia, infarto do coração e derrame cerebral, representam 80% dos efeitos da poluição do ar. Ela é causa comprovada dos cânceres de pulmão (o mais letal dos tumores) e de bexiga. O ar poluído está também relacionado a metade dos casos de pneumonia em crianças. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a poluição do ar causou 8 milhões de mortes precoces no mundo em 2015 e é atualmente a principal causa de morte por complicações cardiorrespiratórias relacionadas ao meio ambiente.